Nossa eterna dualidade Romanos 7

Em uma noite de insônia e tédio, abri o navegador para buscar alguma notícia que me fizesse bem e trouxesse um pouco mais de paz para meu sono. Fui parar na Bíblia Cristã (Nova Almeida Atualizada).

Tive uma criação religiosa na Congregação Cristã no Brasil e busco constantemente entender o fenômeno antropológico que é a Religião. Mas não me considero Religioso, pelo simples fato de não seguir nenhum dos rituais canônicos.

Mas eu gosto de abrir os textos que essas pessoas consideram sagrados e inspirados pelos seus deuses. Isso me permite entender a cultura de cada religiosidade e também permite cruzar referências entre as religiões e culturas que as criaram.

*Meus comentários Destacados.

Romanos 7

9. Houve um tempo em que, sem a lei, eu vivia. Mas, quando veio o mandamento, o pecado reviveu, e eu morri.

Então Paulo sem o conhecimento da lei (10 mandamentos e vivência de Jesus) só vivia, ao bel prazer de seus objetivos terrenos e desejos de qualquer humano.

10. E verifiquei que o mandamento que me havia sido dado para vida, esse se tornou mandamento para morte.

Aí conhecendo a lei, que Jesus dizia ser para a vida eterna, achou que era uma prisão, morte do seu antigo EU.

11. Porque o pecado, aproveitando a ocasião dada pelo mandamento, me enganou e, por meio do mandamento, me matou.

12. Assim, a lei é santa e o mandamento é santo, justo e bom.

13. Então, aquilo que é bom se tornou morte para mim? De modo nenhum! Pelo contrário, o pecado, para mostrar-se como pecado, por meio de uma coisa boa causou-me a morte, a fim de que, pelo mandamento, o pecado mostrasse toda a sua força de pecado.

14. Porque bem sabemos que a lei é espiritual. Eu, porém, sou carnal, vendido à escravidão do pecado.

Ele entendeu que os mandamentos são hábitos para uma vida espiritual de conexão com o divino que pode existir em todos nós. Ora, se o pecado reside em nós, a santidade também está em nós.

15. Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto.

Já tentou entrar em um hábito novo? É difícil, a gente cai e levanta no meio do caminho. Jung falou sobre isso em Psicologia, todos nós temos nossas Sombras, aqueles cantos mais escuros da mente que vamos visitar de vez em quando. Na ira, na gula, na preguiça, na soberba, todos os “pecados”.

16. Ora, se faço o que não quero, concordo com a lei, que é boa.

17. Neste caso, quem faz isso já não sou eu, mas o pecado que habita em mim.

18. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim, mas não o realizá-lo.

19. Porque não faço o bem que eu quero, mas o mal que não quero, esse faço.

20. Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim.

Onde habita a diferença entre o que fomos e o que somos? O que fomos quer continuar a existir, mesmo que quem fomos causou muita infelicidade e mal para nós mesmos e os outros.

21. Assim, encontro esta lei: quando quero fazer o bem, o mal reside em mim.

Nietzsche avisou sobre isso dizendo “Quem luta contra monstros, precisa tomar cuidado para não se tornar um.”, podemos reconhecer que nos extremos, é fácil querer matar os políticos corruptos e dar sentença de morte para assassinos. É difícil amar os corruptos e assassinos e desejar-lhes que sejam felizes se arrependendo e fazendo o bem.

22. Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus.

23. Mas vejo nos meus membros outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros.

24. Miserável homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?

Sem treinamento, não temos muito controle sobre nossos desejos e impulsos. Os membros dos nossos corpos urgem para sentir, ver, tocar, degustar toda a miríade de sensações que essa realidade nos permite.

25. Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor! De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, sou escravo da lei do pecado.

Essa é a nossa eterna dualidade enquanto somos essa versão de humanos, nossas mentes querem uma coisa mas todas as ações que tomamos até o ato de querer algo diferente continuam na inércia temporal. O objetivo das leis cristãs (mandamentos de Jesus) é reconhecer, entender, amar e conviver com essa dualidade, do melhor jeito possível, com o máximo de esforço que podemos fazer naquele momento.